Consultoria em Seguros: 31/12/2006

02 janeiro 2007

TALENTO - MOEDA DO PRESENTE

Quando ouvimos ou utilizamos a palavra talento, logo nos vem à mente algo subjetivo de conteúdo positivo e que serve para designar a expressão do que existe de melhor em cada um de nós. No entanto nem sempre foi assim, esta história teria se iniciado na Grécia: Anacreonte foi presenteado com cinco talentos por um soberano da época. A partir daí, o talento tornou-se uma importante moeda grega que logo depois passou a ser utilizada também pelos romanos. Desta forma, o talento era uma moeda de metal como as moedas de ouro que surgiram mais tarde.

É interessante como alguns acontecimentos se repetem na história da humanidade. Assim como as moedas de ouro, que perderam lugar e status para o PIB (Produto Interno Bruto) dentro da economia padrão, o talento também deixou de ser moeda metal visível e palpável. No entanto seu status nos dias atuais desfruta de forças jamais imagináveis.

Na "Era da Economia do Conhecimento", talento passa a significar uma série de aptidões naturais do ser humano, todas elas classificadas com qualidades presentes desde a mais tenra idade ou mesmo adquiridas com extrema facilidade em idades mais avançadas quando comparadas à população geral.

Então basta ter talento para gerar riqueza? Não, não é bem assim. Ter talento é um bom começo, mas talento todos nós temos! Se talento expressa o que há de melhor em nós, para descobrirmos nosso ou nossos talentos primeiro devemos saber muito bem quem somos. Sócrates já nos dizia isso há muito tempo atrás: "conhece-te a ti mesmo".

Cada ser humano é único e tem um talento essencial para expressá-lo nesse mundo. Podemos ter alguns talentos e com empenho expressá-los todos. Já o talento essencial é aquele que justifica nossa existência, é a resposta que silencia os nossos porquês mais diversos. Ele transcende nossa vida, na forma que estamos acostumados, ele nos abre conexões universais.

Nem sempre descobrimos facilmente nosso talento essencial, principalmente sozinhos, mas nunca devemos desistir de alcançá-lo. Isto também não impede que exerçamos outros talentos desde que eles tenham energia de conexão entre os mais diversos setores sociais. Afinal somos fragmentos de um todo - UNO -, criador e detentor de um conhecimento universal.

Desta maneira podemos definir realização pessoal como ato de descobrir os próprios talentos e poder expressá-los no mundo em que vivemos. A realização pessoal, onde todas as demais estão incluídas (profissional, afetivo, familiar, social), gera um estado de felicidade que repercute no corpo, na mente e no espírito.

Agora podemos definir com precisão o que é RIQUEZA e como podemos gerá-la na "Era da Economia do Conhecimento", onde poucos recursos naturais restam para serem explorados e o recurso inesgotável e gerador de lucro é produção de conhecimentos inovadores e revolucionários.

A riqueza gerada pelo conhecimento é muito mais do que produzir dinheiro e acumular bens materiais. Esta riqueza é, antes de tudo, um estado de bem-estar e começa pela constatação das potencialidades infinitas do universo e do ser humano.

Podemos gerar riqueza por estar em sinergia com o mundo externo (os relacionamentos, o respeito aos bens naturais) e com o mundo interno (harmonizando pensamentos, sentimentos e atitudes). Esta Riqueza faz a diferença e é capaz de atravessar os tempos através de seu legado para as próximas gerações. É a única verdadeira Riqueza e que levamos tanto tempo para perceber e aprender.

Estava tudo aí, o material externo e o interno para que gerássemos a riqueza de fato. Mas somente quando o material externo escasseou pudemos reparar e extrair nosso ouro interno: o talento e a organização deste por cada ser humano. Como diz o ditado popular "antes tarde, do que nunca", então mãos à obra.

Vivemos em uma economia que é movida a talento. Ele é capaz de gerar boas, novas e ousadas idéias e são estas que, transformadas em produtos ou serviços, geram riquezas ou promovem mudanças que podem mudar o mundo para melhor.

Investir no talento é condição fundamental para as empresas não se tornarem organizações estagnadas. O investimento feito em tecnologia, máquinas, sistemas operacionais são necessários e muito importantes, no entanto, o mais valioso dos investimentos é aquele que se aplica em profissionais talentosos. No setor da informática isto é uma verdade que vem sendo consolidada nos últimos anos e podemos constatar este fato pela afirmação de Steve Ballmer, o homem responsável pela contratação de novos funcionários da Microsoft: "a coisa mais importante que fizemos é contratar as melhores pessoas". Para a Microsoft o seu maior ativo é a sua talentosa força de trabalho. Seu objetivo explícito é contratar pessoas pelo que elas podem fazer no presente e principalmente num futuro próximo (5-10 anos) e não pelo que fizeram.

Hoje os especialistas admitem que os talentos podem ser de vários tipos e que devemos ter a habilidade de identificar e desenvolver os mais expressivos e valorizados em cada pessoa. Talento é quase o "Santo Graal" no mundo das empresas. As histórias de sucesso profissional em geral são bem parecidas. São enredos que descrevem alguém que identificou algo que sabe fazer bem e canalizou este dom para sua vida profissional e, principalmente, percebeu que essa sua qualidade tinha grande valorização no mercado de trabalho.

Desvendar aquilo que se faz com competência e de forma diferenciada pode ser fruto de um longo processo de autoconhecimento. Por esta razão que educadores e psicólogos preconizam que este processo seja matéria presente em todas as fases do processo educacional de cada indivíduo. Afinal de contas com o tempo todos nós teremos que administrar nossas personalidades, é o que podemos chamar de "persona-economia".

A meu ver, na busca do autoconhecimento e da descoberta do talento essencial é necessário que se percorra os seguintes caminhos:

Sonhe;
Saiba mais seus pontos fortes e fracos;
Tenha determinação, disciplina e persistência;
Estabeleça uma união inseparável entre idéias e ações;
Mantenha sempre a mente aberta para a próxima realização;Não esqueça do todo.

Assim, para termos direito a esse talento, desenvolvê-lo e utilizá-lo temos que fazer a nossa parte, o que vem ao encontro do poema "Receita de Ano Novo" do talentoso Carlos Drummond de Andrade: "Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo".

Ana Beatriz Barbosa Silva - médica psiquiatra, palestrante e autora dos bestsellers "Mentes Inquietas" e "Mentes e Manias", "Sorria, você está sendo filmado" e "Mentes Insaciáveis".

O ANO MUDA, E VOCÊ?

Promessas de fim de ano... Será que vamos cumprir? Aquela dieta para perder a barriguinha, parar de comer exageradamente, deixar de comer aqueles chocolates maravilhosos... E a minha cerveja?... Preciso fazer exercício, mas segundo o meu cunhado, exercício cansa e faz mal para a saúde (há, há, há...); mas, vamos falar sério: quando é que vamos entender que todos os dias podemos começar ou recomeçar um projeto, mudar radicalmente de vida, largar as preocupações e agilizar as resoluções; quando é que vai cair a ficha, e finalmente a gente passa a entender que mudar para melhor, procurar com afinco aperfeiçoar a nossa personalidade, aumentar o amor que temos ou deveríamos ter pelo próximo são metas indissolúveis do nosso estado de felicidade.

Este ano, desculpe, neste dia, desculpe, agora!... Vou começar a ser mais atencioso para com a minha mulher, olhar dentro dos seus olhos e perguntar o que posso fazer para entendê-la melhor; abraçar mais, beijar mais, ser mais carinhoso...

Neste dia, agora!... Vou parar de reclamar da vida, reclamar que Deus não está sendo bom comigo, que não tenho suficiente dinheiro, que o trabalho é chato, que sou um injustiçado... Neste dia, agora!... Vou perceber que tenho saúde, mulher e filhos que me amam, que tenho dois braços e duas pernas ágeis, capazes de correr atrás da minha prosperidade física, mental e espiritual...

Neste momento especial, (todos os momentos têm a potencialidade de se tornarem mágicos, maravilhosos, basta querer e agir) agradeço a Deus o dom da vida, desta vida atual, mais uma oportunidade para a lapidação da minha alma, para que eu transborde para o próximo mais próximo, para aquele irmão muito mais necessitado, bem mais fragilizado, especialmente mais combalido, menos compreendido, ainda não perdoado, ainda gritando e injuriando a Deus pelo seu destino, pela sua tibieza, pelo seu estado.

Neste momento de grande poder de transformação, agora!... Quero mudar radicalmente, finalmente compreendo que o meu futuro só depende do que eu fizer do meu tempo presente, tendo também finalmente compreendido que o meu estado atual de vida, saúde, felicidade ou infelicidade é o resultado das minhas ações de vida no passado recente e remoto.

Agora!... É o tempo de grandes revoluções na minha vida: todo dia posso mudar uma pequena ou grande coisa na minha composição de vida. Lembre-se de efeito borboleta: A sua atuação modifica todo o universo - seja o agente da transformação do mundo! - começando a transformar o seu mundo, com pequenas, grandes, mudanças de mentalidade, de vida.

Nelson Feitosa Jr - Médico Hipnoterapeuta.

O DELEITE

Quando terminei uma de minhas palestras, uma garota me surpreendeu com uma frase:

- Luciano, sabe o que mais gostei na sua palestra? Foi perceber que você estava se divertindo!

Acho que esse foi um dos maiores elogios que recebi... Se ela percebeu que eu me diverti, a palestra foi um sucesso! Pelo menos para ela.

Você já vivenciou isso? Quando está lidando com uma pessoa que parece estar se divertindo com o que faz? Olhe uma criança brincando, por exemplo. Repare no nível de concentração dela, na entrega total àquele mundo por ela criado. Não é de dar inveja? Pois aprendi a prestar muita atenção nisso. E até algum tempo atrás eu usava essa expressão "divertindo-se" para tratar do assunto. Até que tive a curiosidade de procurar um dicionário e descobrir que "diversão" quer dizer recreação, distração, entretenimento. O que não era bem o que eu pretendia dizer. Parti então em busca da palavra perfeita. E achei "deleite", que quer dizer gozo íntimo e suave, prazer inteiro, pleno. Delícia. Agora, sim! Sempre que vejo um trabalho bem feito, que me passa um "algo mais" via intuição, uma sensação boa, concluo que alguém ali andou se deleitando. Alguém ali andou tendo prazer. E, acredite, esse deleite é contagioso. Ele passa pra gente, pelo brilho nos olhos, pela empolgação no falar, no gestual. E, mesmo que o interlocutor não esteja presente, funciona! É assim com as verdadeiras obras de arte. Sabe aquele quadro que você observa e "sente" que algo te toca? Aquela melodia que te emociona? Aquele poema que te massageia a alma? Aquele texto que te faz refletir? Pois é. Fique certo que alguém andou se deleitando enquanto produzia aquilo. E você foi contagiado. Percebeu?

Por outro lado, quando se perceber contagiado, dê uma boa observada em seu interlocutor. Veja se ele está mal-humorado, azedo ou preocupado. Veja se ele está sério ou sereno. Nessa sua percepção estão as pistas, e talvez você descubra que Oscar Wilde estava certo quando escreveu que "a seriedade é o único refúgio dos medíocres".

A grande questão então é: você está se deleitando com o que faz? Deleita-se acompanhando o auditor da ISO 9000? Atendendo a uma reclamação de um cliente? Servindo como caixa no supermercado? Reunindo-se para discutir aquele problema? Ouvindo o rádio enquanto dirige? Corrigindo as provas de seus alunos? Atendendo às solicitações de seus eleitores?

Se não, você está com algum problema. Ou melhor, quem está com algum problema é o seu interlocutor. O coitado jamais sentirá o prazer de lhe dizer que percebeu o seu deleite.

Então fica assim: meu desejo para 2007 é: deleite-se. No trabalho, nos estudos, no lazer. E que você seja rodeado por gente que se deleita também. Parece pouco? Pois imagine chegar ao final de 2007 com a sensação de que você se deleitou... E compare com a sensação que está sentindo neste final de 2006. Que diferença, hein?

Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista.